- Seis anos depois do episódio de 2019, Entregues à Sorte, Ana da Ponte e Marcus/Mário Marcus regressaram à ilha Terceira, Açores, para conhecer a origem das crianças dadas aos norte-americanos da base das Lajes.
- As investigações de Paulo Ormonde e Tânia Mendes, utilizando arquivos, permitiram perceber que, entre 1946 e 1974, saíram da ilha várias crianças, chegando a 182, número quase o dobro do que se pensava, ligadas à base militar.
- As autorizações de viagem eram emitidas para crianças acompanhadas por casais norte-americanos; a paternidade nem sempre era clara e a adoção plena dificultou o acesso a dados.
- História de Marco Paulo Mendes, hoje Marcus Baker, e de Ana da Ponte, que cresceu nos Estados Unidos; a irmã recordava a criança e Ana buscou as origens ao longo de décadas.
- Este verão voltaram com as respetivas famílias para esclarecer o passado, encerrando com “Um Regresso” o último capítulo da Grande Reportagem Entregues à Sorte.
Ana da Ponte e Marcus/Mário Marcus regressam aos Açores seis anos após o episódio retratado pela Grande Reportagem Entregues à Sorte. O objetivo é conhecer a origem, encerrando o ciclo com o último capítulo da investigação. A viagem concentra-se na ilha Terceira, onde ficavam as pessoas ligadas à base das Lajes.
O foco central é a história de crianças entregues a casais norte-americanos na base, uma narrativa que ganhou contornos de mito. As investigações passaram a identificar nomes e números, desmontando a ideia de um fenómeno apenas anecdótico e abrindo espaço para reconciliação com as memórias familiares.
Quem está envolvido e o que se sabe
Ana da Ponte, que vive nos EUA, buscou o irmão Marco Paulo Moreira Mendes, nascido em 1971, entregue ainda bebé aos Baker, perto da base da Lajes. A irmã, na altura com seis anos, manteve lembranças fortes do impacto dessa entrega. A história cruza-se com a documentação disponível nos arquivos da Câmara da Praia da Vitória e do Governo Civil local.
Marco Paulo cresceu nos Estados Unidos com o apelido Baker. O contacto entre autoridades locais, familiares biológicos e adotantes ajudou a reunir peças do passado ao longo de décadas, muitas vezes através de tradutores e redes de intermediários que ligavam a ilha à base militar.
Quando e onde ocorreu a entrega
As entrega ocorreram entre 1946 e 1974, num período de forte presença militar norte-americana na Terceira. A continuidade da pesquisa permitiu estimar que o número de crianças levadas para adoção pode ter sido superior ao inicialmente estimado, refletindo uma realidade complexa de assistência social e adoção na época.
Porquê este regresso agora
A Grande Reportagem Entregues à Sorte voltou a focar o caso com um novo capítulo, intitulado Um Regresso. O objetivo é esclarecer origens, esclarecer dúvidas e apresentar um retrato mais completo da rede que ligava Açores, autoridades locais e famílias adotantes.
Perspetivas futuras
Ana da Ponte e Marcus/Mário Marcus chegam com o propósito de compreender o passado, confrontar memórias e partilhar o que ainda resta por esclarecer. O reencontro encerra, para já, a investigação pública que marcou impacto na memória regional.
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