- A Amazônia pode entrar num regime hipertropical — mais quente e com secas mais frequentes e intensas — devido ao aquecimento global, cenário que nunca foi visto na Terra em dezenas de milhões de anos.
- Se as emissões de gases com efeito de estufa permanecerem elevadas, as secas quentes podem tornar-se mais frequentes na região até 2100, chegando a até 150 dias por ano, inclusive na época das chuvas.
- O regime hipertropical pode causar morte generalizada de árvores, afetando a capacidade global de a floresta absorver carbono e, assim, influenciar o balanço de CO₂ na atmosfera.
- O estudo, publicado na revista Nature e liderado pela Universidade da Califórnia, Berkeley, indica que árvores de crescimento rápido com madeira de baixa densidade são as mais vulneráveis, morrendo em maior número sob estas condições.
- Além da Amazônia, os especialistas apontam a possibilidade de aparecer regimes hipertropicais em florestas da África Ocidental e do Sudeste Asiático, caso as emissões continuem sem controlo.
A Amazónia enfrenta uma transição gradual para um clima mais quente, com secas mais frequentes. Estava prevista a intensificação do balanço de carbono global devido ao incremento de eventos extremos e à mortalidade arbórea associada. Novo estudo sugere que o regime hipertropical pode emergir até 2100.
A investigação, liderada pela UC Berkeley e publicada na Nature, analisa cenários de emissões de gases com efeito de estufa. De acordo com os autores, secas quentes poderão chegar a 150 dias por ano mesmo durante a estação das chuvas, se as emissões permanecerem elevadas.
Na prática, as árvores enfrentariam maior risco de mortalidade. O estudo aponta que espécies de rápido crescimento e madeira de baixa densidade são as mais vulneráveis, afetando a capacidade de absorção de carbono da floresta.
O regime hipertropical seria caracterizado por temperaturas acima da média e pela redução do teor de humidade do solo, que deixa as árvores sem água para sustentar a captura de carbono. A mortalidade aumentaria, reduzindo o serviço ecossistémico das florestas tropicais.
Impacto no carbono global
Os autores destacam que o aumento da mortalidade pode ampliar o retorno de carbono para a atmosfera, agravando o aquecimento global. Estima-se que, sem redução de emissões, o cenário hipertropical se torne mais provável em várias regiões tropicais, incluindo África Ocidental e Sudeste Asiático.
Jeff Chambers, diretor do estudo, afirma que o fenómeno depende das ações humanas. Com emissões continuadas, o clima hipertropical pode ocorrer mais cedo, alterando padrões de seca e a dinâmica de carbono na Amazónia.
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