- Cristiano Ronaldo voltou a narrar uma campanha internacional de turismo da Arábia Saudita, num vídeo de 45 segundos, ao afirmar ter ido ao país “pelo futebol” mas ter ficado “por mais”.
- A campanha foca a experiência pessoal do atleta no país, destacando a dimensão cultural, territorial e humana.
- A Arábia Saudita é repetidamente acusada de utilizar o sportswashing para desviar atenções de violações de direitos humanos, incluindo aumentos de condenações à morte e discriminação de mulheres e pessoas LGBT.
- A Amnistia Internacional pediu a Ronaldo que denunciasse essas violações, mas o jogador tem-se mantido próximo da elite política saudita e já elogiou o país, inclusive em visita à Casa Branca com o príncipe herdeiro em novembro.
- O país é anfitrião do Mundial de 2034, e figuras proeminentes do futebol, incluindo Ronaldo, têm sido criticadas por silêncio relativamente à utilização do desporto como instrumento de soft power pelo regime.
Cristiano Ronaldo voltou a participar numa campanha publicitária internacional do Turismo da Arábia Saudita, desta vez com um vídeo de 45 segundos centrado na ideia de ter ido ao país “pelo futebol” e de ficar “por mais”. O comunicado, enviado às redações em nome da Autoridade de Turismo da Arábia Saudita, diz que a campanha foca a experiência pessoal do jogador, explorando as dimensões cultural, territorial e humana do país.
O anúncio descreve a experiência do atleta como uma janela para entender a cultura e o território sauditas, destacando um posicionamento promocional ligado ao desporto. Ronaldo, que em 2023 transferiu-se do Manchester United para o Al Nassr, é apresentado como um símbolo dessa aposta de imagem internacional. A campanha é apresentada como parte de um esforço de promoção turística.
Direitos humanos e críticas ao sportswashing
Relatos de organizações de defesa dos direitos humanos questionam o uso do desporto para melhorar a imagem do regime de Riade, apontando violações associadas ao governo saudita. Entre as acusações estão o endurecimento de políticas, restrições a mulheres e a comunidade LGBT e dificuldades na liberdade de imprensa.
A Amnistia Internacional já pediu a Ronaldo que use a sua notoriedade para denunciar estas violações, mas o jogador tem-se mantendo próximo da elite política saudita. Em novembro, Ronaldo integrou a comitiva oficial do príncipe herdeiro Mohammad bin Salman numa visita à Casa Branca.
A visita ficou marcada por um momento de tensão entre Donald Trump e Bin Salman, quando uma jornalista questionou a morte do jornalista Jamal Khashoggi, alegadamente ordenada pelo príncipe herdeiro, segundo informações de serviços de Inteligência dos EUA. A Arábia Saudita é apontada como anfitriã do Mundial de 2034. Nesse contexto, críticos sugerem que figuras do futebol evitam posicionamentos sobre o uso do desporto como ferramenta de soft power do regime.
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