- Dez militares da GNR do Comando Territorial de Beja detidos na semana passada por suspeitas de tráfico de pessoas regressaram aos locais onde estavam colocados, segundo a GNR, sem indicar os postos.
- A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) permanece sem avançar informações adicionais; a instituição deve aguardar a decisão judicial e pode instaurar processos disciplinares, conforme avançado pelo organismo.
- O agente da PSP, que trabalhava na esquadra de segurança aeroportuária de Beja e estava de baixa desde setembro de 2024, era pai de um arguido detido na operação; não foi detido.
- O Tribunal de Instrução Criminal libertou os arguidos mediante termo de identidade e residência, mantendo alguns em prisão preventiva. Escutas não transcritas não podem ser usadas como prova para fundamentar medidas de coacção.
- A operação envolve cerca de cinco centenas de trabalhadores estrangeiros alojados em aldeias e armazéns; 17 detidos no total, com dois estrangeiros, e a investigação já tinha identificado fluxos financeiros e ligações familiares.
Os dez militares da GNR do Comando Territorial de Beja que estavam sob suspeita de tráfico de pessoas voltaram esta semana aos locais onde estavam colocados, conforme confirmou a GNR ao público. Não foi especificado em que postos se encontram atualmente.
No âmbito da investigação que começou em 2023, o grupo era composto por elementos do Comando Territorial de Beja. A PSP de Beja, cujo agente estava de baixa desde setembro de 2024, não participou ativamente nas ações de detenção recentes. A IGAI informou, na última atualização, que aguarda a decisão judicial e que, após identificação dos suspeitos, vai propor a instauração de processos disciplinares.
No sábado, o tribunal decidiu libertar os arguidos mediante termo de identidade e residência, mantendo alguns em prisão preventiva. As escutas não transcritas não foram consideradas suficientes para fundamentar medidas de coação. Os restantes aguardam decisões sobre as medidas de coação com base em indícios fortes ou suficientes de crime de tráfico de pessoas e auxílio à imigração ilegal.
Investigação e desdobramentos
As autoridades indicam que cerca de 500 trabalhadores estrangeiros estavam sob vigilância em várias aldeias, alojados em armazéns. O Ministério Público admite potenciais ligações ao tráfico de pessoas, mas não sinaliza que todos os trabalhadores sejam vítimas. Foram cumpridos 50 mandados de busca e 17 de detenção em Portalegre, Figueira da Foz, Porto e Beja, com foco em ilícitos de imigração, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Fontes judiciais apontam que dois civis também foram detidos no âmbito da operação. As autoridades destacam que algumas transferências financeiras envolviam familiares, incluindo menores, e que houve movimentos com origem não identificada. Entre os detidos, há casos de ligações familiares a agentes da polícia envolvidos nos acontecimentos.
O inquérito é dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal, com colaboração da PJ. A investigação continua a explorar organização e gestão da rede de imigração ilegal, bem como o financiamento e a logística usada para explorar trabalhadores estrangeiros, incluindo custos de alojamento e alimentação cobrados aos trabalhadores.