- Nesta terça-feira, os moliceiros de Aveiro foram inscritos na lista de salvaguarda urgente da UNESCO, na vigésima sessão do Comité em Nova Deli, Índia.
- O Barco Moliceiro já constava no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial desde 2022, iniciativa da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA).
- Na região, apenas cinco mestres constructores continuam ativos, todos com mais de sessenta anos.
- Em termos históricos, a Ria de Aveiro registava cerca de três mil moliceiros nos anos setenta; hoje estima-se pouco mais de cinquenta, com turismo dominante.
- A candidatura inclui medidas para reverter a situação, como envolvimento escolar e instalação de motores elétricos nas embarcações turísticas.
A arte da carpintaria naval da região de Aveiro, representada pelos moliceiros, entra agora num novo capítulo de salvaguarda. Nesta terça-feira, a UNESCO reconheceu a necessidade de proteção urgente destes barcos, durante a 20.ª sessão do Comité Intergovernamental em Nova Deli, Índia.
O processo inscreve o Barco Moliceiro na lista de património imaterial em salvaguarda urgente. Portugal não apresentou outras nomeações nessa sessão, e o Barco Moliceiro já constava no Inventário Nacional desde 2022, fruto de iniciativa da CIM Região de Aveiro.
A candidatura destaca o declínio da prática, com apenas cinco mestres construtores ativos, quatro com mais de 60 anos. O texto também aponta a necessidade de reversão, incluindo envolvimento escolar e instalação de motores elétricos nas embarcações turísticas.
Contexto e importância
Historicamente, cerca de 3 mil moliceiros existiam na Ria de Aveiro nos anos 70; hoje restam cerca de 50, com turismo dominante. A proa ostenta pinturas únicas, ao passo que a popa e a ré apresentam motivos variados, segundo estudo de Jaime Vilar.
O moliceiro mede em média 15 metros e desloca cerca de cinco toneladas. O fundo plano facilita a navegação em canais rasos, distinguindo-se de outras embarcações da região. A preservação envolve a transmissão de saberes aos mais jovens.
Portugal já tem oito itens no património imaterial da UNESCO, com salvaguarda urgente para barro negro de Bisalhães e chocalhos. Mantêm-se, ainda, registo de Boas Práticas de Salvaguarda, refletindo o compromisso nacional com a herança cultural.
Entre na conversa da comunidade