- O Governo de transição da Guiné-Bissau criticou Ramos-Horta, Filipe Nyusi e Marta Temido por declarações sobre a situação política do país.
- Aduramane Turé, ministro da Comunicação Social, afirmou que há timorenses sem emenda e que Ramos-Horta traiu a responsabilidade pública; citou a solidariedade histórica entre Guiné-Bissau e Timor-Leste.
- O governo entende que as últimas declarações de Ramos-Horta e Nyusi ultrapassaram limites diplomáticos e pediu reflexão sobre as observações eleitorais feitas por Nyusi, que liderou a missão da União Africana.
- Marta Temido foi igualmente criticada por sugerir sanções, com o governo a dizer que a Guiné-Bissau não está sob tutela externa; o Parlamento Europeu aprovou uma resolução condenando mudanças constitucionais e violações de direitos humanos.
- Timor-Leste assumiu a presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP); a Guiné-Bissau já tinha sido suspensa da CEDEAO e da União Africana, num contexto de acusações de golpe de Estado e de detenção de adversários.
O Governo de transição da Guiné-Bissau classificou as declarações do Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, do ex-Presidente moçambicano Filipe Nyusi e da eurodeputada Marta Temido como inadequadas, após analises sobre a situação política no país. A posição foi expressa numa declaração publicada nas redes sociais pelo ministro da Comunicação Social, Aduramane Turé, na quinta-feira.
Turé criticou publicamente Ramos-Horta por comentários considerados levianos sobre a história e o papel das Forças Armadas guineenses, associando-os a uma visão histórica de solidariedade com Timor-Leste. O governante afirmou que tais afirmações ao nível público afastam-se da verdade factual e ferem a dignidade dos militares e do povo guineense.
O executivo guineense reagiu ainda às declarações de Ramos-Horta à Lusa, na última quarta-feira, sobre uma suposta falha de um bloco militar na Guiné-Bissau e a percepção de que Embaló não aceitou o resultado eleitoral. O ministro pediu que Ramos-Horta questione Nyusi, que liderou a missão de observação eleitoral da UA, por declarações que considera fora de limites diplomáticos.
Nyusi, neste mesmo contexto, tinha afirmado que haveria um vencedor no escrutínio de 23 de novembro e que este deveria ser anunciado. O governo guineense sublinhou que tais declarações ultrapassaram limites de prudência diplomática. Marta Temido também foi citada pela acusação de emitir posições precipitadas, que o Executivo considerou inadequadas para a relação entre Guiné-Bissau e Portugal.
O Parlamento Europeu aprovou uma resolução na quinta-feira que condena a mudança inconstitucional na Guiné-Bissau e recomenda ao Conselho Europeu a ponderar sanções contra responsáveis por violações de direitos humanos. A Guiné-Bissau permanece suspensa de várias organizações regionais e internacionais, incluindo a CEDEAO e a UA.
A situação política no país permanece marcada por controvérsia sobre a legitimidade de autoridades em funções, com a oposição e observadores internacionais a sugerirem que o golpe de Estado de Umaro Sissoco Embaló pode ter motivação política. O governo transição desafia declarações externas e reforça a necessidade de um processo eleitoral estável, conduzido pela Comissão Nacional Eleitoral.
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