- A Mesa-Redonda em Miranda do Corvo, promovida pela CIM da Região de Coimbra, discutiu os progressos e as perspetivas da presença feminina nos lugares de decisão política.
- Desde 1979, a percentagem de mulheres autarcas subiu de 1,3% para 16% em 2025; os Açores tiveram a maior percentagem de presidentes mulheres, enquanto Beja e Leiria não elegeram nenhuma mulher para o cargo.
- Na região de Coimbra, entre 19 municípios, apenas três são presididos por mulheres.
- O debate recordou que, em 2024, houve a menor eleição de mulheres para o Parlamento Europeu desde a criação do órgão, e o panorama nacional das autárquicas mostra redução da participação feminina, com referência ao paradoxo das cotas.
- Liliana Pimentel, primeira mulher eleita presidente da Câmara de Condeixa-a-Nova, anunciou que é preciso mudar a forma como os partidos recrutam, apontando a ausência de mulheres em federações distritais como exemplo de desigualdade.
A presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra sublinhou que, embora haja progressos no acesso das mulheres à participação política, nem sempre isso se reflete nos cargos de decisão. O aviso foi feito na abertura da Mesa-Redonda: Mulheres e Participação Política, realizada em Miranda do Corvo, no distrito de Coimbra. O evento integra o projeto FEMACT-Cities, financiado pelo URBACT.
Durante a sessão, foram apresentados dados que mostram evolução no acesso feminino à vida política, mas realçou-se que a presença das mulheres em cargos de liderança continua assimétrica. A presidente da CIM destacou que, na região, apenas três dos 19 municípios são presididos por mulheres.
A análise aponta que, ao longo de cinco décadas, muitas mulheres ocuparam funções estratégicas na política local, mas chegar aos lugares de topo ficou mais lento. O debate procurou entender os contextos sociais, políticos e institucionais que moldaram esta realidade.
Desafios regionais
A discussão enfatizou ainda a necessidade de mudanças estruturais nos partidos para aumentar a representatividade. Foi referido que, mesmo com avanços legais, há desafios de recrutamento e de escolhas internas que limitam oportunidades para candidaturas femininas.
Em termos nacionais e europeus, os participantes apontaram que houve, em 2024, uma quebra na participação de mulheres em eleições para o Parlamento Europeu. A nível nacional, registou-se também uma redução, com muitos municípios sem candidaturas femininas para a presidência.
Para Liliana Pimentel, a primeira mulher eleita presidente da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, a escolha de lideranças femininas depende de mudanças profundas nos partidos e nas federações distritais. A dirigente realçou a importância de refletir sobre o número de mulheres em cargos de topo dentro das estruturas partidárias.
Perspetivas e dados
O debate incorporou a visão de Rosa Monteiro, do grupo de ação local do FEMACT-Cities, que defendeu reformas internas nos partidos para alcançar resultados reais. A responsável considerou que a lei da paridade favorece, mas não resolve o paradoxo das cotas que persiste em muitos contextos.
Relatórios sobre participação feminina na política apontam avanços, mas indicam que a igualdade plena ainda não foi alcançada. A análise regional e nacional permanece centrada na necessidade de políticas públicas que promovam o acesso das mulheres a cargos diretivos, sem favorecer nem excluir qualquer grupo.
Entre na conversa da comunidade