- Dados da APAV mostram aumento de vítimas com mais de sessenta e cinco anos apoiadas entre 2019 e 2024, de 1.341 para 1.730, ou mais 29 por cento.
- Em 2025, até agosto, foram apoiadas 1.557 vítimas, sendo 75 por cento mulheres.
- A Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) indica, até setembro, seis idosas em acolhimento de emergência e 27 em casas de abrigo; existem apenas duas casas específicas para mulheres idosas.
- Até 30 de setembro, registavam-se 19 mortes por violência contra mulheres, 16 das quais mulheres, aproximando-se das 22 mortes ocorridas em todo o ano de 2024.
- O fenómeno envolve agressores variados (companheiro, filho, irmão ou enteado) e há necessidade de soluções permanentes e apoio à saúde, dada a idade e a dependência emocional e financeira das vítimas.
Entre 2019 e 2024, as denúncias apoiadas pela APAV registaram um aumento de 29% entre pessoas com mais de 65 anos, passando de 1.341 para 1.730. Em 2025, até agosto, já foram apoiadas 1.557 vítimas, das quais 75% são mulheres. Dados da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) indicam seis mulheres idosas em acolhimento de emergência e 27 em casas de abrigo até setembro. Atualmente existem apenas duas casas com orientação específica para mulheres idosas vítimas de violência doméstica.
A equipa técnica das casas de abrigo descreve uma realidade marcada por violência prolongada e violência que atravessa a família. Em algumas situações, o agressor é o companheiro, porém, em cerca de metade dos casos, são os filhos quem comete os abusos. Relatos de mulheres mostram que a violência pode iniciar durante o namoro ou estar enraizada na dinâmica familiar, com várias vítimas a já terem reportado violência ao longo de muitos anos. Em uma das casas, vivem seis mulheres, oriundas tanto de contextos de grande vulnerabilidade social como de classe média/alta, evidenciando a transversalidade do fenómeno.
A situação clínica e psicológica das residentes é um desafio: há casos de depressão, dependência emocional e financeira, além de doenças não diagnosticadas ou demências iniciais que dificultam o planeamento de autonomização. A equipa técnica alerta para a necessidade de respostas sociais permanentes, incluindo vagas em lares, que nem sempre são priorizadas face a outros casos. A violência doméstica continua a ocupar lugar entre os crimes que mais ceifam vidas em Portugal: até 30 de setembro registavam-se 19 mortes, 16 delas de mulheres, aproximando-se do total de 22 registadas em 2024. Esta terça-feira assinala-se o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.