- Mais de 200 personalidades de 32 países assinaram um manifesto contra o cancelamento público de Boaventura de Sousa Santos, defendendo o direito à defesa e à presunção de inocência.
- Entre os signatários contam-se figuras como a escritora Lídia Jorge, o constitucionalista Vital Moreira e o Prémio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, além de juristas, académicos e dirigentes internacionais.
- O manifesto surge na sequência de denúncias de antigas investigadoras do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, que levaram à suspensão de Sousa Santos e de Bruno Sena Martins em 2023.
- O relatório independente divulgado a 13 de março de 2024 confirmou padrões de conduta de abuso de poder e assédio por parte de pessoas em posições hierárquicas superiores, com 14 denunciados por 32 denuncias, num total de 78 denúncias.
- Em setembro de 2024 Sousa Santos moveu ações civis para tutela da personalidade contra as 13 investigadoras; em 2025 iniciou um processo-crime por difamação contra as mesmas.
Nos sinais de controvérsia entre académicos do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins foram alvo de denúncias de assédio e abuso de poder. O relatório independente, divulgado a 13 de março de 2024, confirmou padrões de conduta inadequados por parte de indivíduos em posições hierárquicas, sem indicar nomes. Em abril de 2023, Sousa Santos e Sena Martins foram suspensos dos cargos no CES.
Mais de 200 personalidades de 32 países expressaram oposição ao cancelamento público de Sousa Santos, num manifesto que também reclama defesa da sua inocência. Entre os signatários constam figuras como a escritora Lídia Jorge, o constitucionalista Vital Moreira e o Prémio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel. O texto foi promovido por ativistas feministas ligadas ao CES.
Manifesto e alcance internacional
Para além de intelectuais portugueses, o manifesto integrou juristas, académicos e líderes de várias áreas. Entre os signatários internacionais, destacam-se Baltasar Garzón e Leonardo Boff, bem como figuras do mundo académico e jurídico de diferentes países. O objetivo declarado é travar o que se define como silenciamento e o cancelamento de Sousa Santos.
Desenvolvimento judicial no território português
No âmbito do processo interno, três denuncias de assédio vieram a público no CES através de um capítulo de um livro sobre ética na universidade. Em 2024, um grupo de 13 mulheres pediu às autoridades portuguesas que investigassem as condutas. Nesse período, o CES criou uma comissão independente para apurar as denúncias, cuja análise abrangeu 78 denúncias.
Ações legais subsequentes
Em setembro de 2024, Sousa Santos avançou com ações cíveis para tutela da personalidade contra as 13 investigadoras. Em 2025, o sociólogo alterou a estratégia, entrando com um processo-crime por difamação contra as mesmas académicas, alegando publicidade, calúnia e difamação. As ações seguem em tribunal, sem que se tenha divulgado um veredito final.
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