- O Reino Unido cancelou o financiamento ao Mozambique LNG, removendo cerca de US$ 1,15 bilhão; os Países Baixos também saíram do financiamento.
- A Câmara Africana de Energia acusa prioridades políticas ocidentais e vê a decisão como uma traição à segurança energética de África; a US Eximbank reaprovou empréstimo em 2025, mantendo outros financiadores no jogo.
- O projeto continua com cerca de 10% do financiamento externo garantido por outros parceiros, já que UK Export Finance e Atradius deixaram o consórcio financiador.
- A associação sustenta que a saída de financiadores ocidentais evidencia uma agenda contra combustíveis fósseis e pede que África defenda projetos para criar empregos e reduzir a pobreza energética.
- TotalEnergies informou que o investimento não está em causa; Moçambique mantém três megaprojetos aprovados na bacia de Rovuma, ao largo de Cabo Delgado.
A decisão do Reino Unido de retirar o financiamento ao projeto Mozambique LNG, liderado pela TotalEnergies, foi anunciada no início deste mês. O corte, que envolve cerca de 1,15 mil milhões de dólares, ocorre numa altura em que o projeto enfrenta controlo de suspensão desde 2021 devido a ataques em Cabo Delgado, norte de Moçambique. Países Baixos também abandonaram o financiamento complementar, enquanto o consórcio mantém recursos para cerca de 10% do total.
A Câmara Africana de Energia descreveu a medida como uma traição à segurança energética do continente e acusou prioridades políticas ocidentais de prejudicar África. O presidente NJ Ayuk afirmou que o futuro energético africano não pode depender de financiamento externo com condições, defendendo investimentos feitos por africanos para africanos.
A TotalEnergies afirmou que o investimento não está em causa e que os restantes financiadores vão assegurar a parcela restante. O anúncio mostrou que, mesmo sem apoio de UKEF e Atradius, o consórcio recebeu garantias para cobrir aproximadamente 10% do financiamento externo do projeto. A suspensão enfrentou interrupção entre 2021 e 2025 devido a ataques em Cabo Delgado.
Reacções e próximos passos
A Câmara Africana de Energia destacou que a saída de fundos do Reino Unido e dos Países Baixos ocorre num momento de pressão sobre projetos de energia e sublinha a existência de uma agenda contra combustíveis fósseis. O organismo lembra que, no início de 2025, a US Eximbank reaprovou um empréstimo, apontando melhoria da situação no terreno.
A nota enviada pela Câmara indica que o GNL de Moçambique e projetos semelhantes devem ser defendidos por africanos, com foco no desenvolvimento responsável, criação de empregos e redução da pobreza energética. O Mozambique LNG mantém ações para avançar com os financiamentos remanescentes, com o objetivo de prosseguir as fases do projeto.
O projeto Mozambique LNG envolve três megaprojetos de exploração de gás na bacia do Rovuma, frente à costa de Cabo Delgado, classificados entre as maiores reservas do mundo. A TotalEnergies assegura que as operações não dependem apenas de financiamentos externos, e que o planejamento continua em linha com os prazos acordados.
Entre na conversa da comunidade