- A exposição direta da banca portuguesa aos incêndios rurais é limitada: cerca de 1,8% do crédito a empresas e títulos, e aproximadamente 1% no crédito à habitação.
- O mapeamento baseia-se em áreas diretamente afetadas pelos incêndios de junho e outubro de 2017; as zonas rurais costumam ter menos edifícios.
- Ao estender a análise a zonas adjacentes (raio de 100 metros), a exposição sobe para 3,5% do crédito a empresas e 3% do crédito a particulares.
- Empresas em áreas de maior perigo não são as com maior probabilidade de incumprimento; o aumento de incumprimento observado ocorreu principalmente em 2018, relacionado com os incêndios de 2017, mitigado por seguros e apoios públicos.
- Em riscos de transição, a exposição a setores intensivos em carbono está estável; a conformidade de instituições menos significativas tem melhorado, embora persista desconformidade em governança, dados e integração na estratégia de negócio, com a construção destacada como área vulnerável.
O Banco de Portugal apresentou o terceiro Relatório Anual sobre a Exposição da Banca ao Risco Climático, centrando-se, desta vez, no risco físico de incêndios rurais em Portugal. A exposição direta do sector bancário a níveis máximos de perigo é relativamente baixa. O estudo cruza localização de empresas e ativos com mapas de perigosidade de incêndio rural.
A análise mostra que apenas uma pequena percentagem do crédito a empresas e de dívida se situa em áreas de alto a muito alto perigo. Em crédito a habitação, a exposição direta é de cerca de 1%. As áreas rurais costumam ter menos edifícios e menos concentração populacional.
A pesquisa avaliou também zonas adjacentes, até 100 metros, e aí o valor subiu para 3,5% do crédito às empresas e 3% aos particulares. A maior parte do risco permanece restrita a áreas menos densas.
Exposição por setor e impacto
O estudo indica que, no conjunto, empresas em zonas de maior perigo tendem a ter menor probabilidade de incumprimento. O caso dos incêndios de 2017 mostrou aumento temporário de incumprimento, sobretudo em sectores agrícolas, florestais e de madeira, mas o impacto não se generalizou.
Ressalta-se que o reforço de seguradoras e o apoio público contribuíram para mitigar perdas e favorecer a recuperação da atividade. Em 2018 verificou-se o reflexo mais evidente nesses setores.
Riscos de transição e conformidade
Os relatórios do BdP reiteram que, em termos de riscos de transição para uma economia de baixo carbono, a exposição da banca mantém-se estável e moderada. A participação de créditos a sectores intensivos em carbono supera, contudo, a participação desses sectores na economia nacional.
A melhoria da conformidade entre as instituições menos significativas persiste, ainda que persista desconformidade em governação, dados e integração analítica nas estratégias de negócio. O BdP exorta maior aceleração na adaptação.
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