- Faixas falsas geradas por IA estão a proliferar nos catálogos de artistas em plataformas de streaming, chegando a imitar músicas reais.
- A cantora Emily Portman descobriu, em julho, um álbum gerado por IA chamado Orca nos catálogos Spotify e Apple Music, treinado com base nos seus trabalhos anteriores.
- O caso exemplifica falhas de autenticação nas plataformas, onde qualquer pessoa pode adicionar faixas a perfis de artistas sem verificação robusta.
- Artistas como Paul Bender identificaram várias canções geradas por IA, incluindo em catálogos de bandas falecidas, e lançaram uma petição com mais de 24 mil assinaturas para melhorar a segurança.
- A indústria teme evasão de direitos de autor e aumento de fraudes e spam, enquanto plataformas como Spotify e Apple Music anunciam medidas para detetar e tornar as plataformas mais fiáveis.
Em plena proliferação de conteúdos gerados por IA, faixas falsas invadiram catálogos de artistas nas plataformas de streaming, chegando a imitar trabalhos reais. A artista folk britânica Emily Portman descobriu Orca nos seus perfis Spotify e Apple Music após receber, em julho, uma mensagem de fã a parabenizá-la por um álbum que não tinha lançado desde 2022.
A responsável pela descoberta explicou que a IA por trás de Orca foi treinada com base nos seus álbuns anteriores, simulando instrumentação e letras inspiradas em lendas da folk. Portman afirma ter ficado chocada com a possibilidade de terceiros apresentarem aquele material como seu.
Os autores da fraude não puderam ser identificados pela artista, mas o método parece claro: perfis que se fazem passar por artistas numa distribuidora que publica faixas em seu nome. Ao outro lado do mundo, na Austrália, Paul Bender encontrou quatro faixas supostamente geradas por IA nos perfis da sua banda The Sweet Enoughs.
Contexto e impactos
A indústria de streaming funciona, segundo Bender, sem sistemas de autenticação robustos. O músico descreve um processo simples para publicar faixas em nomes de terceiros, o que facilita fraudes. Ele reuniu evidências após discutir o tema no Instagram e criou uma petição no Change.org, já com mais de 24 mil assinaturas, pedindo mais segurança às plataformas.
A crescente sofisticação de geradores como Suno e Udio dificulta distinguir entre músicas criadas por IA e por humanos. Um estudo da Ipsos para a Deezer indica que a maioria dos ouvintes não consegue ver a diferença entre faixas produzidas por IA e por artistas reais. Os casos já envolvem até catálogos de artistas falecidos.
Medidas e respostas
As faixas fraudulentas já foram associadas a artistas reais para cobrar royalties, afirmam especialistas. Embora a receita por reprodução seja baixa, pode aumentar rapidamente com amplificação de bots. Portman e Bender pediram a remoção das faixas, porém as plataformas demoraram entre 24 horas e oito semanas para agir, sem avanços legais.
Autoridades e associações lembram que, apesar de proteções em alguns países, os direitos de autor não cobrem plenamente imitações transfronteiras. A indústria destaca ainda a necessidade de maior transparência nas plataformas. O Spotify informou estar a desenvolver medidas para reforçar a fiabilidade e coopera com distribuidores para detectarFraudes com maior eficácia. Apple Music mantém comunicação semelhante.
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