- O Índice de Justiça Intergeracional (IJI) de Portugal caiu de 0,50 em 2021 para 0,43 em 2023, apontando deterioração no período pós-pandemia.
- Habitação e saúde foram os principais motores da queda, com a habitação passando de 0,46 em 2019 para 0,23 em 2023.
- A saúde também registou piora, com o índice caindo de 0,57 (2021) para 0,35 (2023), refletindo menor acesso aos cuidados e menor investimento em prevenção.
- O estudo alerta para o aumento dos passivos da Segurança Social desde 2016 e recomenda uma coordenação de políticas entre áreas para evitar impactos nas gerações futuras.
- O relatório, divulgado pelo Institute of Public Policy com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, recomenda medidas como aumentar a oferta de habitação, restringir vistos Gold e favorecer o arrendamento de longa duração.
O Índice de Justiça Intergeracional (IJI) de Portugal deteriorou-se no período pós-pandemia, caindo de 0,50 em 2021 para 0,43 em 2023. O estudo do Institute of Public Policy aponta que a habitação e a saúde foram os principais motores da queda, com impactos na acessibilidade e nos custos médicos.
A análise, elaborada com apoio da Fundação Caloulineo Gulbenkian, indica que o IJI piorou pela primeira vez desde 2020. O coordenador Paulo Trigo Pereira sublinhou que, entre 2019 e 2023, a habitação registou queda de 0,46 para 0,23, aumentando a perceção de dificuldades entre as gerações jovens.
Habitação
Portugal apresenta elevada proporção de jovens até aos 35 anos que vivem em casa dos pais, uma condição que pesa na justiça intergeracional. A relação preço-rendimento e a acessibilidade entraram na equação, refletindo falhas políticas e pressão sobre o mercado de arrendamento.
A equipa de investigadores apontou que, para além da oferta, é necessária coordenação entre áreas como construção, vistos, alojamento local e políticas de longo prazo. A visão é de que apenas aumentar a oferta não resolve o problema sem medidas coerentes.
Saúde
Na saúde, o IJI caiu de 0,57 (2021) para 0,35 (2023). O relatório aponta menor acesso aos cuidados, maior despesa familiar e menor investimento em prevenção. Constatou ainda maior consumo de anxiolíticos e antidepressivos, indicativo de bem-estar físico e emocional afetado.
Os autores defendem políticas que promovam prevenção e avaliações de impacto a longo prazo. O documento reforça a necessidade de melhorar o acesso aos serviços de saúde para reduzir o peso sobre as gerações futuras.
Passivos sociais
O estudo alerta para o aumento dos passivos da Segurança Social desde 2016, com consequências previstas para o nível de vida de quem se reformar entre 2060 e 2070. O relatório sugere ações integradas para evitar retrocessos adicionais na justiça entre gerações.