- O barco pesqueiro Carlos Cunha afundou na manhã de terça-feira, a cerca de 370 quilômetros da costa de Aveiro, deixando um morto, quatro desaparecidos e dois sobreviventes, todos de nacionalidade indonésia.
- O barco pertence ao armador António Cunha, da empresa Baleeira Pescas, o maior armador de espadarte em Portugal.
- Em 2011, o barco Ana da Quinta, ligado a António Cunha, naufragou junto à costa dos Açores; os nove tripulantes não tinham habilitação de mestre costeiro, e Cunha foi absolvido pela justiça.
- Os dois sobreviventes foram transferidos para o navio-patrulha oceânico NRP Figueira da Foz e estão em condições clínicas estáveis, recebendo tratamento médico especializado.
- A Marinha continua as buscas pelos quatro náufragos indonésios; o alerta chegou via EPIRB e o contramergulho indica que o naufrágio ocorreu cerca de 370 quilômetros de Aveiro, com o barco saído de Vigo no dia 9 de dezembro.
O barco de pesca Carlos Cunha, pertencente ao armador António Cunha da Baleeira Pescas, naufragou na manhã de terça-feira a cerca de 370 quilómetros da costa de Aveiro, em alto mar. O acidente provocou um morto, quatro desaparecidos e dois sobreviventes, todos de nacionalidade indonésia. O navio seguiu regularmente a partir do porto de Vigo, tendo partido a 9 de dezembro; deixou de emitir sinal às 7h12 e o alerta foi recebido pela Marinha às 7h50 via EPIRB.
Os dois tripulantes que conseguiram sobreviver foram transferidos para o navio-patrulha oceânico NRP Figueira da Foz, onde receberam tratamento médico especializado e apresentavam condições clínicas estáveis durante a tarde de quarta-feira. As buscas pelos quatro indonésios continuaram até ao final do dia, ainda que as condições meteorológicas dificultassem as operações.
A investigação indica que o naufrágio ocorreu em águas internacionais, longe da costa portuguesa, com a Marinha a coordenar as operações de busca e resgate. O caso surge numa sequência de acontecimentos trágicos envolvendo embarcações associadas ao mesmo grupo empresarial.
Contexto histórico do armador
António Cunha, de Vila Praia de Âncora, é um dos maiores armadores portugueses da pesca de espadarte, tendo ficado conhecido em 2018 ao autodenominar-se o “Mourinho do espadarte”. Em 2011, o barco Ana da Quinta naufragou ao largo dos Açores, com nove tripulantes a bordo (seis portugueses e três indonésios). Na altura, nenhum tinha habilitação para comandar a embarcação, o que levou a acusações contra o proprietário.
O Ministério Público associou a Cunha a crime de condução de veículo sem condições para o fazer em segurança, por alegada violação grosseira das regras de condução, criando perigo para a vida ou integridade física. O tribunal de Caminha, entretanto, absolveu o empresário, reconhecendo que a responsabilidade pela habilitação era do responsável pela tripulação, ainda que tenha ficado provado que nenhum dos tripulantes possuía a habilitação necessária.
Repercussões locais e setoriais
A Câmara Municipal de Caminha manifestou consternação pelo que classificou como o segundo naufrágio envolvendo embarcações do concelho em cerca de 48 horas, referindo o acidente do Vila de Caminha, que resultou em dois sobreviventes e três desaparecidos, com o apoio da polícia marítima nas buscas. A comunidade piscatória de Vila Praia de Âncora expressou solidariedade às famílias das vítimas, destacando a importância dos trabalhadores estrangeiros no setor face à escassez de mão de obra local.
Notas de contexto
Em 2017, a pesca portuguesa esteve envolvida em fiscalização na França com o navio Vila do Infante, apreendido por pesca ilegal de atum-rabilho e tubarão sardo. O navio encontrava-se registado como propriedade de António Cunha, evidenciando ligações do grupo a operações anteriores.
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